quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Alice Moderno em exposição


Notas Zoófilas (9)

Alice Moderno em exposição

“ Dos seus sentimentos de bondade fala eloquentemente a sua ação não só dentro da benemérita Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, mas também na imprensa, onde frequentemente a pena elegante da srª D. Alice Moderno firmava artigos na defesa vigorosa e inteligente daqueles seres, amigos e companheiros do homem que este, na sua ignorância e ingratidão, tantas vezes maltrata” (João Anglin)

No passado dia 25 de setembro, na sala de exposições da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, foi inaugurada a exposição Alice Moderno (1867-1946): cidadania e intervenção.

A exposição, que surgiu na sequência de uma sugestão do Coletivo Alice Moderno, é uma iniciativa da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta, tendo sido realizada por Ana Cristina Pereira, Iva Matos e Rute Gregório, sendo esta última também responsável pela sua coordenação.

Conhecida pela sua dedicação à causa da defesa animal, Alice Moderno foi uma das fundadoras, em 1911, da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais e sua presidente e principal dinamizadora, desde 1914 até à data da sua morte, em 1946.

No seu labor em defesa dos animais, Alice Moderno não fazia distinções. Com efeito, para além de solicitar às autoridades a criação de legislação que proibisse determinadas práticas que causavam sofrimento e que cuidassem ou modificassem o piso das ruas para facilitar o trabalho dos animais de tiro, denunciou o uso e abuso de aguilhadas, a sobrecarga que vitimava principalmente bois e cavalos, o uso de cabras e ovelhas para puxar carroças, que acabou por ser proibido por lei, a venda por farmácias de estricnina que era usada para matar os cães abandonados, os maus tratos que sofriam os bovinos nas festas do Espírito Santo, o sofrimento dos touros e dos cavalos nas touradas, que ela abominava, e a morte à paulada dos ouriços-cacheiros por parte sobretudo dos rapazes mas também por adultos nas freguesias rurais que ela para os salvar comprava para depois soltar no quintal.

Mas, Alice Moderno não se dedicou apenas à causa animal. Ela, que para sobreviver teve de trabalhar arduamente, pois não herdou nenhuma fortuna, também abraçou outras causas, que estão mencionadas nos vários painéis que integram a exposição, a saber: a instrução/educação, as letras, onde se inclui a poesia, o teatro e o romance, o jornalismo, de que se destaca a fundação, direção e redação do jornal “A Folha”, onde ela dá voz a diversas correntes de pensamento inovadoras e progressistas, o feminismo, onde, para além da luta pela emancipação da mulher, defende a participação cívica da mesma na vida social, a participação política que a desencantou já que muitas das promessas da República não passaram disso mesmo e, por último, o apoio aos mais carenciados que ela, contrária à “caridadezinha”, sempre o fez.

A exposição, que merece a visita de todos os interessados em conhecer a vida e a obra de uma mulher que lutou incansavelmente por uns Açores melhores para todos os seus habitantes, humanos ou não, estará aberta ao público até ao dia 16 de abril de 2016.

Teófilo Braga

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sentenças contra animais


Notas Zoófilas (8)

Sentenças contra animais

As atitudes e comportamentos humanos não evoluem ao ritmo do desenvolvimento da ciência e da técnica. Assim, muitos dos problemas que afligem a humanidade só não são debelados por não haver um envolvimento cívico por parte das populações e por não existir vontade política por parte dos governantes, a todos os níveis.

No que diz respeito ao relacionamento dos (ditos) humanos com os animais a sensação que se tem é que hoje não há grandes diferenças em relação ao que se passava no passado. Assim, no que diz respeito aos maus tratos, a luta dos nossos antepassados continua a fazer sentido hoje pois aqueles continuam.

O combate de Alice Moderno e de outros, em São Miguel, contra o abandono de animais, pela criação de um hospital veterinário para tratar animais vítimas de abandono e de cuidadores sem posses e contra as abomináveis touradas, ainda faz todo o sentido.

Contudo, se pesquisarmos o passado, verificamos que houve alguma evolução, muito lenta para o nosso gosto. A título de exemplo, apresenta-se a seguir algumas sentenças proferidas contra os animais, que possivelmente faziam sentido na época e no contexto em que foram proferidas, publicadas a 25 de abril de 1840, no jornal Panorama, do distrito de Aveiro:

1120- Toupeiras e lagartas excomungadas por um bispo

1386- Porca mutilada e depois enforcada em virtude de ter despedaçado um menino;

1394- Porco enforcado por ter morto uma criança;

1488- Os vigários de uma determinada localidade ordenaram aos curas das freguesias para notificarem os gorgulhos para que deixassem de fazer estragos durante as missas e procissões, sob pena de excomunhão;

1499- Touro condenado à forca por ter morto um mancebo;

1554- Sanguessugas excomungadas por um bispo porque destruíam os peixes.

Hoje, sem qualquer condenação os touros das touradas de praça, depois de divertirem os assistentes, são mortos e também acabam por ser mortos a maioria dos cães que atacam e ou matam crianças.

Neste último caso, tal como em muitos da vida em sociedade, nunca se combatem as causas. Assim, permite-se que pessoas sem quaisquer condições, aqui não está em causa o estrato social, possuam animais que são mantidos em condições deploráveis, tolera-se e nada se faz para acabar com a reprodução de animais que vão acabar nos canis de abate, certificados ou não, e fecha-se os olhos ou fomentam-se algumas formas de maus tratos a animais.

Teófilo Braga
Correio dos Açores, 30738, 22 de setembro de 2015, p.13)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Exposição


Nota de imprensa

A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada inaugura, no próximo dia próximo dia 25 de setembro, pelas 18h00, a exposição Alice Moderno (1867-1946): cidadania e intervenção.
A presente exposição pretende evocar o nome desta mulher exemplar, única no seu tempo, cujo quadro de ação e intervenção na comunidade, para além de vasto, deixou marcas significativas até aos nossos dias. Professora, poetisa, jornalista, mulher de negócios, feminista, protetora dos animais, benemérita, voz crítica na esfera política, Alice Moderno foi uma mulher de convicções, lutas e ruturas, em períodos da história portuguesa nos quais o género feminino permanecia muito marcado por uma cultura de gineceu. De primeira jovem mulher a frequentar o Liceu de Ponta Delgada a professora dedicada e reconhecida, de escritora de vários géneros literários à fundadora e diretora de dois jornais, mas também da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, de mulher com forte intervenção cívica à gestora plurifacetada e bem-sucedida, esta exposição pretende projetar Alice Moderno nas vertentes que mais a distinguiram e mais marcas deixaram na comunidade e na documentação. Graças aos estudos realizados por Maria da Conceição Vilhena, mas também às cartas escritas a Joaquim de Araújo (n.1858-m.1917), aos artigos de jornais que assinou, aos poemas e escritos diversos, é possível hoje evocar esta mulher independente, multifacetada, frontal, comprometida com os outros e com a justiça, capaz de enfrentar críticas, hostilidades e contextos particularmente difíceis para o seu e para qualquer tempo.
Esta exposição estará patente na ala de exposições da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, no piso 0, de 25.09. 2015 a 16.04.2016.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Apontamentos para a história da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais (4)



Apontamentos para a história da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais (4)

Em janeiro de 1934, realizou-se uma Assembleia Geral da SMPA- Sociedade Micaelense Protetora dos Animais onde foram eleitos os corpos sociais, tendo a sua composição sido a seguinte:
Direção- Presidente, D. Alice Moderno; tesoureiro, João Leocádio Oliveira; secretário, Gil Afonso de Andrade Botelho; vogais, Amâncio Joaquim da Rocha, Dr. Aires S. d’Albergaria Tavares Silva, Cícero de Medeiros, Dr. José Jacinto Pereira da Câmara, José Rebelo Bettencourt e Dr. Manuel da Silva Carreiro.
Direção (substitutos) – Presidente, D. Maria Evelina de Sousa; tesoureiro, Dr. Victor Machado Faria e Maia, secretário, Dr. Alberto Paula de Oliveira; vogais, Francisco Carlos da Silveira Martins, João Bento S. Silva, José da Câmara Velho Melo Cabral, Manuel Ferreira de Almeida, Dra. D. Maria Macedo e D. Olga Amélia Lima.
Assembleia Geral – Presidente, Aires Jácome Correia; vice-presidente, Ruy Tavares do Canto; 1º secretário, Horácio Teves; 2º secretário, Luís Quintino Berquó de Aguiar; 1º vice-secretário, José Joaquim do Couto Santiago; 2º vice-secretário, Francisco de Araújo.
Conselho Fiscal- Presidente, Urbano Carreiro; secretário, José da Silva Alves; vogais, Artur Frederico Silva, Dinis José da Silva e João da Costa Benevides.
Júri- Presidente, Eduardo Soares de Albergaria; Secretário, João Cândido Borges; Relatores, Alfredo da Câmara, Eugénio Botelho da Câmara, Dr. Fernando Marques Moreira, José Peres Maldonado Jr., João Maria Sequeira e Manuel Joaquim de Matos.
Na mesma reunião foram aprovados votos de louvor a Alice Moderno, a Gil Afonso Botelho e ao Marquês de Jácome Correia.
A 25 de agosto de 1934, o Correio dos Açores regista “a justíssima homenagem prestada à sra. D. Alice Moderno” por parte da Direção da Sociedade Protetora dos Animais, de Lisboa, ao conferir-lhe a medalha de prata daquela instituição. Tal facto deveu-se “não só à sua exemplaríssima dedicação pelos animais, mas também pela propaganda jornalística” a favor da causa zoófila.
No dia 22 de outubro de 1934, faleceu João Cândido Borges, agricultor e “negociante honesto e perfeito homem de bem”. Segundo Alice Moderno foi “sócio fundador da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, a cujas sessões ordinariamente assistia”.
No final de 1934, o senhor Agostinho Machado Bicudo Correia legou à SMPA 758$02 que foram depositados na Caixa de Crédito Micaelense. Com aquele legado o saldo da associação passou a ser de 2458$02, destinando-se à manutenção de um posto veterinário “quando o permitirem os respetivos juros”.
Em 31 de dezembro de 1934, de acordo com Alice Moderno, as contas da SMPA apresentavam um saldo positivo de 3055$79. Num texto publicado no Correio dos Açores de 15 de Maio de 1935, Alice Moderno explica que os principais contribuintes naquele ano foram “a menina D. Margarida da Cunha Álvares Cabral e o sr. Dr. Guilherme Poças Falcão que entregaram 100$00 cada um, a primeira para o fundo da Sociedade e o segundo como quota anual”.
Em 1935, a SMPA tinha 43 sócios contribuintes, variando o valor das quotas entre os 5$00 e os 200$. No ano mencionado, foram os seguintes os sócios que contribuíram com quotas superiores ou iguais a 50$00: Alice Moderno, Guilherme Berquó Poças Falcão, Marquês de Jácome Correia, Engº. E. Smith e Maria Luísa Leite de Ataíde.
A 5 de maio de 1935 reuniu a Assembleia Geral da SMPA sob a presidência do Marquês de Jácome Correia, sendo secretários Gil Afonso Botelho e Breno Dias de Vasconcelos.
Na reunião referida foi debatida a necessidade da implementação de uma “larga” campanha, na imprensa, em defesa dos animais, bem como aventada a necessidade da angariação de fundos com vista à criação de um posto de socorros.
(Continua)
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30733, 16 de setembro de 2015, p12)

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Aires Jácome Correia e a SMPA


Aires Jácome Correia

A SMPA-Sociedade Micaelense Protetora dos Animais, tal como infelizmente todas as outras instituições, deveu a sua vida pelo menos nos primeiros anos a um número restrito de associados de que se destacaram Alice Moderno, Maria Evelina de Sousa e Aires Jácome Correia.

Aires Jácome Correia (Lisboa, 9 de agosto de 1882 – Genebra, 21 de outubro de 1937) foi um rico proprietário e um grande filantropo tendo abraçado várias causas, de que destacamos o fomento da instrução dos mais desfavorecidos, o desenvolvimento cultural e económico dos Açores e a proteção dos animais.

No que diz respeito à proteção dos animais, Aires Jácome Correia (Marquês de Jácome Correia) foi durante muitos anos Presidente da Assembleia Geral da SMPA, tendo colaborado nos jornais locais com textos relativos ao assunto.

A título de exemplo, recorda-se um texto seu, datado de 18 de agosto de 1935, publicado no Correio dos Açores, onde elogiou a criação de “uma comissão local de vigilância na freguesia de Rabo de Peixe” e enumerou alguns exemplos positivos que eram dignos de serem divulgados, como o surgimento de “resguardos contra o calor e contra os insetos nos animais de tiro e de montada”, a “adoção de animais vadios” e os “cuidados extremos para aliviar os pesos ou as opressões causadas pelos veículos e arreios”.

No mesmo texto, o Marquês de Jácome Correia torna pública a sua preocupação pelo combate à mosca que, para além de prejudicar a economia, era também transmissora de infeções entre os animais”

A 5 de abril de 1936, o Correio dos Açores, publicou um texto de Aires Jácome Correia intitulado “O carácter dos animais”. Nele o autor dá a conhecer, com algum pormenor, o Sul, um cão que lhe fora oferecido por um caseiro e que lhe era extremamente fiel.

A razão para ter adotado o animal é digna de ser divulgada, pois hoje muitas vezes não se quer um animal de companhia, exige-se um de uma determinada raça para exibir um estatuto (social) que não se tem perante os outros. O Marquês foi bem claro quando escreveu que se afeiçoou ao cão, não “pela sua beleza ou aspeto físico” (não via, sendo o olho “ uma massa vítrea sem expressão, fosca e ensanguentada”), mas pelo seu instinto moral”.

Num outro texto, datado de 26 de maio de 1936, o marquês Jácome de Correia escreveu sobre a missão da SMPA, referindo a indiferença manifestada pela maioria da população em relação a ela. Por último, apelou à participação nos seguintes termos: “As pessoas que se interessam por eles nas suas conveniências caseiras dariam um grande exemplo inscrevendo-se na Sociedade que precisa de Capital, trabalhando n’essa grande obra de zoofilia e que indiretamente procura exercer uma influência positiva na proteção dessas espécies domésticas”.


Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30720, 1 de setembro de 2015, p.12)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Apontamentos sobre a Sociedade Micaelense Protetora dos Animais (3)


Apontamentos sobre a Sociedade Micaelense Protetora dos Animais (3)

No dia 5 de novembro de 1914, em reunião de direção da SMPA foi deliberado elevar o Marquês de Jácome Correia, à categoria de sócio protetor pelo facto de haver concedido à Associação o subsídio anual de cem escudos”. Na mesma reunião foi decidido “mandar imprimir os diplomas, cujo modelo desenhado pelo sr. Constâncio Gabriel da Silva é do mais artístico que no género temos visto”.
Num texto publicado no Correio dos Açores, nodia 24 de junho de 1920, Luís Arruda escreve sobre a necessidade de ser criada em Ponta Delgada uma Sociedade Protetora dos Animais porque a que existiu terá morrido. Segundo ele, os principais problemas eram os maus tratos que eram infligidos aos cães vadios, “os abusos dos aguilhões que não são próprios da época que atravessamos” e o espicaçar de burros com navalhas, os quais mostram que “se o mundo civilizado avança dia-a-dia velozmente no campo da Sciencia…não avança a civilização humana”.
A 8 de julho de 1920, o Correio dos Açores noticiou que vários alunos do Liceu inscreveram-se na SMPA e que os mesmos pretendiam organizar festas públicas para angariar fundos para a criação de um asilo e posto veterinário.
No mesmo texto, a SMPA para além de apelar à entrada de novos associados, refere os locais onde as inscrições podiam ser feitas: Estabelecimentos dos senhores José Cláudio de Sousa e Cª, Ernesto Augusto Xavier, Viriato Manuel Pereira, Jacinto Botelho Moniz e José Inácio Ferreira e nos escritórios de Alice Moderno, Augusto da Silva Moreira, Fernando d’Alcântara, António Agreli Teves e Carlos d’Assis Toucedo.
A 7 de Julho de 1931, reuniu a Comissão Reorganizadora da SMPA composta pelo Dr. Aires Tavares da Silva, D. Alice Moderno, Gil Afonso Andrade Botelho, Dr. José Jacinto Pereira da Câmara, Dr. Manuel da Silva Carreiro, D. Maria Evelina de Sousa, Marquês de Jácome Correia e Dr. Victor Machado Faria e Maia com o objetivo de eleger uma nova direção e estudar os meios a usar para intensificar a proteção aos animais.
Na mesma reunião foram trocadas impressões sobre a reorganização da SMPA e foi prestada homenagem aos sócios instaladores, em especial a Alice Moderno.
No dia 23 de Abril de 1933, reuniu, na casa de Alice Moderno, a direção da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais para “deliberar sobre assuntos urgentes”. De acordo com o jornal Correio dos Açores, do dia 25 do mesmo mês, um dos assuntos eram as touradas com touros de morte. Na ocasião foi lido um ofício da Sociedade Protetora dos Animais de Lisboa a solicitar a colaboração da SMPA no sentido de pedir ao governo para que “não permita o estabelecimento neste país dos touros de morte. Ficou acordado enviar um telegrama “ao sr. Presidente do Ministério, manifestando a S. Exa o quanto magoaria a sensibilidade dos amigos dos animais a introdução de tão bárbaro divertimento, e quão deprimente seria para a civilização portuguesa o conhecimento do mesmo perante o mundo culto”.
Na mesma reunião foi decidido nomear, a título póstumo, o sr. Agostinho Machado Bicudo Correia como sócio honorário. O senhor Agostinho Correia, falecido a 30 de março de 1933, havia legado à SMPA a importância de 1000$00 (escudos insulanos).
Por último, foi também decidido solicitar à Junta Geral de Ponta Delgada, a cedência de uma dependência do Posto Zootécnico desta cidade em que pudessem ser alojados o mobiliário da Sociedade e respetivo arquivo, e também do local onde pudesse ser instalado o Posto Zootécnico”.
A SMPA denunciou, através do Correio dos Açores de 15 de Setembro de 1933, o caso de dois mendigos, um deles muito míope que se faz passar por cego e uma cega que por vezes se apresentava embriagada, que se fazem acompanhar por um cão que puxa uma carroça. O animal “não raras vezes, cai, esfalfado, por não poder, como é natural, com a carga!”
De acordo com a nota as pessoas em questão só não entram na cidade de Ponta Delgada por causa da vigilância da SMPA. Face a esta situação, a SMPA interroga-se se “não existem, nas vilas e freguesias rurais, autoridades que olhem pelo cumprimento das posturas municipais?” e apela “a todas as pessoas de coração, pedindo-lhes que, sempre que pelas localidades onde residem, passe o cão martirizado e os seus algozes, se dirijam à autoridade local, a fim de serem punidos, como merecem, os delinquentes”

(continua)
Teófilo Braga
Correio dos Açores, 1 de setembro de 2015